domingo, 30 de novembro de 2008

Texto emocionante sobre Santa Catarina

Recebi esta mensagem e compartilho com vocês, pois mostra um pouco do que é o Ser Humano e das qualidades que surgem quando estamos em dificuldades, relacionado à tragédia de Santa Catarina. Vale a pena ler. Esses dois textos me emocionaram muito!!!

Meus amigos,
Hoje 27 de novembro de 2008 o sol saiu e conseguimos voltar a trabalhar. Adespeito de brincadeiras e comentários espirituosos normais sobre esta folgaforçada" a verdade é que nunca me senti tão feliz de voltar ao trabalho. Não somente pelo trabalho, pela instituição e pela própria tranqüilidade de ter aonde ganhar o pão, mas também por ser um sinal de que a vida está voltando ao normal aqui na nossa Itajaí. As fotos que circulam na internet e os telejornais já nos dão as imagens claras de tudo que aconteceu então não vou me estender narrando e descrevendo as cenas vistas nestes dias. Todos vocês já sabem de cor. Eu quero mesmo é falar sobre lições aprendidas. Por mais que teorias e leituras mil nos falem sobre isso ainda é surpreendente presenciar como uma tragédia desse porte pode fazer aflorar no ser humano os sentimentos mais nobres e os seus instintos mais primitivos. As cenas e situações vividas neste final de semana prolongado em Itajaí nos fizeram chorar de alegria, raiva, tristeza e impotência. Fizeram-nos perdera fé no ser humano num segundo, para recuperá-la no seguinte. Fez-nos ver que sempre alguém se aproveitará da desgraça alheia, mas que também é mais fácil começar de novo quando todos se dão às mãos.

Que aquela entidade superior que cada um acredita (Deus, Alá, Buda, GADU,etc) e da forma que cada um a concebe tenha piedade daqueles:
- Que se aproveitaram a situação para fazer saques em Supermercados, levandoprincipalmente bebidas e cigarros
- Que saquearam uma farmácia levando medicamentos controlados, equipamentose cofres e destruindo os produtos de primeira necessidade que ficaram assimcomo a estrutura física da mesma.
- Que pediam 5 reais por um litro de água mineral.
- Que chegaram a pedir 150 reais por um botijão de gás.
- Que foram pedir donativos de água e alimentos nas áreas secas pra vendernas áreas alagadas.
- Que foram comer e pegar roupas nos centros de triagem mesmo não tendo suascasas atingidas. - Que esperaram as pessoas saírem das suas casas para roubarem o que restava.
- Que fizeram pessoas dormir em telhados e lajes com frio e fome para não ter suas casas saqueadas.
- Que não sentiram preocupação por ninguém, algo está errado em seu coração.
- Que simplesmente fizeram de conta que nada acontecia, por estarem em áreas secas.
Da mesma forma, que essa mesma entidade superior abençoe:

- Aqueles que atenderam ao chamado das rádios e se apresentaram no domingono quartel dos bombeiros para ajudar de qualquer forma.
- Os bombeiros que tiveram paciência com a gente no quartel para nos instruir e nos orientar nas atividades que devíamos desenvolver.
- A turma das lanchas, os donos das lanchinhas de pescarias de fim de semanaque rapidamente trouxeram seus barquinhos nas suas carretas e fizeram tantadiferença. - À equipe da lancha, gente sensacional que parecia que nos conhecíamos detoda uma vida.
- Aos soldados do exército do Paraná e do Rio Grande do Sul.
- Aos bravos gaúchos, tantas vezes vitimas de nossas brincadeiras que trouxeram caminhões e caminhões de mantimentos.
- Aos cadetes da Academia da Polícia Militar que ainda em formação se portaram como veteranos.
- Aos Bombeiros e Policias locais que resgataram, cuidaram , orientaram e auxiliaram de todas as formas, muitas vezes com as suas próprias casas embaixo das águas.
- Aos Médicos Voluntários.
- Às enfermeiras Voluntárias.
- Aos bombeiros do Paraná que trabalharam ombro a ombro com os nossos. - Aos Helicópteros da Aeronáutica e Exercito que fizeram os resgates nos locais de difícil acesso.
- Aos incansáveis do SAMU e das ambulâncias em geral, que não tiveram temponem pra respirar.
- Ao pessoal do Helicóptero da Polícia Militar de São Paulo, que mostrou que longo é o braço da solidariedade.
- Ao pessoal das rádios que manteve a população informada e manteve a esperança de quem estava isolado em casa.
- Aos estudantes que emprestaram seus físicos para carregar e descarregarcaminhões nos centros de triagem.
- Às pessoas que cozinharam para milhares de estranhos.
- Ao empresário que não se identificou e entregou mais de mil marmitex no centro de triagem.
- A todos que doaram nem que seja uma peça de roupa.
- A todos que serviram nem que seja um copo de água a quem precisou.
- A todos que oraram por todos.
- Ao Brasil todo, que chorou nossos mortos e nossas perdas.
- Aos novos amigos que fiz no centro de triagem, na segunda-feira.
- A todos aqueles que me ligaram preocupados com a gente.
- A todos aqueles que ainda se preocupam por alguém.
- A todos aqueles que fizeram algo, mas eu não soube ou esqueci.

Há alguns anos, numa grande enchente na Argentina um anônimo escreveu isto:

COMEÇAR DE NOVO

Eu tinha medo da escuridão; Até que as noites se fizeram longas e sem luz; Eu não resistia ao frio facilmente; Até passar a noite molhado numa laje; Eu tinha medo dos mortos; Até ter que dormir num cemitério; Eu tinha rejeição por quem era de Buenos Aires; Até que me deram abrigo e alimento; Eu tinha aversão a Judeus; Até darem remédios aos meus filhos; Eu adorava exibir a minha nova jaqueta; Até dar ela a um garoto com hipotermia; Eu escolhia cuidadosamente a minha comida; Até que tive fome; Eu desconfiava da pele escura; Até que um braço forte me tirou da água; Eu achava que tinha visto muita coisa; Até ver meu povo perambulando sem rumo pelas ruas; Eu não gostava do cachorro do meu vizinho; Até naquela noite eu o ouvir ganir até se afogar; Eu não lembrava os idosos; Até participar dos resgates; Eu não sabia cozinhar; Até ter na minha frente uma panela com arroz e crianças com fome; Eu achava que a minha casa era mais importante que as outras; Até ver todas cobertas pelas águas; Eu tinha orgulho do meu nome e sobrenome; Até a gente se tornar todos seres anônimos; Eu não ouvia rádio; Até ser ela que manteve a minha energia; Eu criticava a bagunça dos estudantes; Até que eles, às centenas, me estenderam suas mãos solidárias; Eu tinha segurança absoluta de como seriam meus próximos anos; Agora nem tanto; Eu vivia numa comunidade com uma classe política; Mas agora espero que a correnteza tenha levado embora; Eu não lembrava o nome de todos os estados; Agora guardo cada um no coração; Eu não tinha boa memória; Talvez por isso eu não lembre de todo mundo; Mas terei mesmo assim o que me resta de vida para agradecer a todos; Eu não te conhecia; Agora você é meu irmão; Tínhamos um rio; Agora somos parte dele; É de manhã, já saiu o sol e não faz tanto frio; Graças a Deus! Vamos começar de novo.
Anônimo

É hora de recomeçar, e talvez seja hora de recomeçar não só materialmente. Talvez seja uma boa oportunidade de renascer, de se reinventar e de crescer como ser humano. Pelo menos é a minha hora, acredito. Que Deus abençoe a todos. ... sem palavras!

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